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Teoria da Triangulação Geral em Ações

Ano 6, No 96

Carlos Martins: Profissional de Investimento Certificado APIMEC CNPI, autor do livro "Os Supersinais da Análise Técnica" (Ed. CampusElsevier, 2010) e sóciofundador do Trader Gráfico.



Prezados clientes, alunos, amigos, seguidores e analistas, pretendo descrever nos próximos parágrafos o meu conhecimento sobre tendências e suas projeções. Um conhecimento iniciado com o estudo da Análise Técnica clássica, mas vastamente ampliado por seis anos de acompanhamento diário de gráficos, tendências, figuras, crises e euforias.

Parte 1: O que são tendências

Tendências são altas ou baixas que ocorrem durante repetidos períodos de tempo de forma linear e constante. Podem se acelerar e desacelerar enquanto se constroem, portanto são formadas por níveis fortes e fracos coexistindo em diversas formas em um mesmo movimento.

Uma tendência é um fato, não é passível de interpretação ou de projeção, ela existe, sua vida é facilmente notada e sua morte totalmente desconhecida, da mesma forma que ocorre com um ser vivo.

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Na imagem acima podemos ver duas linhas de tendência, uma de baixa (em vermelho, chamada de LTB) e outra de alta (em verde, chamada de LTA). O "fim da linha" é o seu rompimento, quando os preços passam para "o lado de lá". Mas isto está longe de ser a morte da linha de tendência. Uma vez rompida, a linha de tendência começa a nos fornecer dados sobre o futuro do gráfico.

A informação mais utilizada normalmente da linha rompida é como ponto inverso da sua tendência original. Exemplo, uma linha de tendência de baixa nada mais é do que a percepção de uma realidade de queda linear dos preços, porém, após rompida, ela passa a se comportar como um suporte e "barrar" as quedas mais acentudas do preço. Isto porque um rompimento de LTB é um sinal de compra.

Só que há muito mais informações escondidas dentro destas linhas infinitas. Mais precisamente, o seu nascimento e o seu primeiro rompimento são informações importantes e, quando interpretados de forma simultânea com outras linhas de tendência (normalmente de sinais opostos - alta x baixa), são cruciais para determinar o que chamamos de Projeções de Preço e Tempo.

Isto mesmo, conseguimos determinar potencial e validade de uma tendência majoritária analisando as informações deixadas por linhas de tendência contraditórias minoritárias. A esta teoria damos o nome de Triângulo.

Parte 2: Projeções e Controle de Risco

Na figura acima cada tendência ocorreu em uma época diferente, mas pode ocorrer de duas linhas de tendência aparecerem ao mesmo tempo. Neste caso, elas estão fadadas a se encontrarem e isto nos dará projeções, validades e stops.

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Reparem em uma sutileza na figura acima. As cores da LTA e da LTB foram trocadas em relação à imagem anterior, a LTB (baixa) está verde e a LTA (alta) está vermelha. Eu fiz isto por causa do futuro e não do passado. Uma LTB rompida nos dá uma compra, por mim historicamente representada pela cor verde. Já a LTA rompida marca a venda, de cor vermelha.

Aqui entra uma teoria geral, antiga, disponível em várias literaturas sobre análise técnica, o Triângulo (que eu atualmente não uso, mas que é bem próximo do que eu chamo de Triângulo Simples). Notem que há uma linha pontilhada vertical à esquerda da figura fechando o triângulo. Demarquei a área abaixo para facilitar a visualização, o que chamamos de triângulo é a área azul.

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Notem que há outra linha pontilhada preta no meio da figura, ligando o ponto de intersecção das linhas verde e vermelha às suas projeções de preço, tanto na alta como na baixa (linhas de cor magenta ou fúcsia). Esta segunda linha pontilhada tem exatamente o dobro do comprimento da linha da "altura das projeções". Aqui entra uma parte importantíssima da teoria dos triângulos, onde a inclinação e comprimento de cada linha de tendência nos dará dois preços projetados para definição da cotação futura.

Agora precisamos definir a validade das projeções encontradas. Isto porque cada projeção vai ficando mais fraca à medida que as linhas de tendência usadas em sua criação vão ficando para trás no gráfico. Para determinar a validade nós projetamos a partir do encontro das LTA e LTB o mesmo tempo que foi usado na formação do triângulo, ou seja, o mesmo tempo entre a linha da "altura das projeções" e o encontro das LT's.

Este tempo de validade, marcado na figura mais acima, dá o tamanho horizontal de cada projeção de cor magenta marcada no gráfico. Mas se vocês repararem bem na imagem acima, verão que a projeção de baixa (marcada nos 50.946,60) é maior que a projeção de alta. Além disso, o pedaço de reta maior que a projeção de alta muda de cor, está azul. Segue detalhe na imagem abaixo:

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Este segmento "extra" de validade já não existe na literatura anterior sobre triângulos, sendo descrito por mim pela primeira vez em 09/03/2010 na newsletter sobre "Os novos Triângulos e Ombro-Cabeça-Ombro".

Uma vez definidos os pontos de projeção de preço e validade de tempo, o que faço é prolongar cada linha de tendência até a sua validade. Estes prolongamentos possuem a mesma cor da linha original, mas são pontilhados. Estes segmentos de reta pontilhados são os nossos primeiros STOPs.

O stop deve ser utilizado no caso do preço não cumprir a projeção até o final, desta forma, temos uma linha móvel que nos empurra para um maior lucro (ou menor prejuízo) à medida que as cotações vão avançando dentro do triângulo.

A princípio eu acreditava que uma vez que o preço chegasse a um dos lados da projeção, ou do stop, a figura estava encerrada e não era mais útil. Então comecei a perceber que várias vezes o preço subia forte, batia na projeção de alta e depois caía forte e batia na projeção de baixa, ou vice-versa, como na imagem abaixo.

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É impressionante notar que em 14 dias de cotações foi formado um triângulo e suas projeções, validades e stops. Depois por mais de 40 dias tivemos os preços oscilando dentro do espaço previamente delimitado, respeitando projeções e stops. Aqui entra uma observação importante, se a projeção de preço for atingida antes do stop, a operação naquele sentido (comprada ou vendida) termina, mas a linha de stop continua sendo uma linha de tendência e, portanto, continua sendo válida como suporte ou resistência.

E, na imagem abaixo, a continuidade e fim do movimento iniciado na imagem acima.

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Nesta imagem podemos observar que antes de perder a linha de stop definitiva do lado da alta, as cotações formam um triângulo menor, que é rompido iniciando uma projeção de baixa (55.606,77) antes da perda do stop, ou seja, a própria teoria do triângulo faz o prenúncio do rompimento do stop, mas marca sua projeção. Precisamos reparar que o rompimento ocorre ao mesmo tempo no triângulo menor e no stop do triângulo maior (dia 17/11/11).

Para mais detalhes sobre como operar estes Triângulos Simples recomendo a leitura da newsletter de 17/10/2011 sobre Triângulos e Tri Working. O artigo é dedicado à interpretação dos triângulos. Há também uma vídeo-aula Gravada e Gratuita sobre o mesmo tema disponível no portal educacional Tradernauta: portal.tradernauta.com.br/web/?A=Cafe&B=21-09-2011.

Parte 3: A terceira dimensão dos Triângulos

Prestem atenção na imagem abaixo, mais precisamente na linha de stop da operação (bem longe dos preços).

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Se nós temos um ponto mágico de início de lógicas operacionais (o encontro entre LTA e LTB) e temos um ponto forte nas validades da projeções, porque então o stop não liga estes dois pontos? Fiz isso e criei uma nova dimensão ao triângulo, um segundo stop que delimita uma área intermediária entre a região de projeção e a região intra-projeção (área entre os stops). Veja como fica o que chamo de Triângulo Borboleta.

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Operamos agora com um duplo-stop (que é respeitado pelos preços, basta olhar a imagem). Isto quer dizer que a região entre um stop e outro ainda faz parte da projeção de preço e ainda não é região intra-projeção. O nome deste triângulo eu retirei do fato das linhas juntas formarem uma figura que parece a asa de uma borboleta. Mas ver vários Triângulos Borboleta em um mesmo gráfico torna-se confuso e muito exaustivo aos olhos. Por isso, criei o que chamo de Triângulo DENSO, onde a área do duplo-stop recebe um realce, como segue.

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Parte 4: A área Densa é curva

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Em 1915 Albert Einstein publica a sua "Teoria da Relatividade Geral" onde demonstra, entre outras coisas, a Curvatura do espaço-tempo. Não tenho tempo de explicar aqui o que é isso, por isso coloquei um link para a wikipedia.

O que desejo demonstrar é que, assim como no Universo uma massa deforma o espaço-tempo, em um gráfico de ações uma área densa de triângulo também deforma o espaço-tempo.

Em termos mais cotidianos, imagine uma rampa de skate profissional, aquela onde o skatista fica voando nas duas bordas e pegando impulso na inclinação da pista (coloquei uma imagem abaixo para ajudar na minha explanação).

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Agora imagine a área densa como uma rampa de skate. Tudo o que estiver acima e abaixo de uma área densa no gráfico de um ativo é plano e linear, já a área densa é profunda e curva (no gráfico é apenas hachuriada, use sua imaginação).

Se um skatista vem andando fora da rampa, ao chegar na borda ele não vai se lançar de primeira, vai ficar um tempo olhando lá para baixo. Da mesma forma as cotações respeitam a área densa e evitam entrar nela em um primeiro momento. E quanto mais larga for a área densa, mais difícil será o preço mergulhar dentro dela.

Porém, após algum tempo olhando para a rampa, o skatista decide se lançar na aventura e entra nela com seu skate. Neste momento temos duas opções. 1) Ele passa direto e rapidamente para o outro lado e sai da rampa. 2) Ele fica indo e voltando na rampa.

Os preços fazem a mesma coisa, quando passam por uma área densa eles podem atravessá-la rapidamente e sair do outro lado, ou ficar lá dentro indo de um lado ao outro. Veja a imagem abaixo (já mostrada acima de forma Simples).

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Como digo aos meus alunos desde 2008, a análise técnica é a arte de delimitar espaços. Projete e desenhe tudo o que você conhece e o que sobrar no vazio é onde os preços podem andar sem definição. Poupei o seu trabalho de projetar e desenhar, e também de saber, as teorias da análise técnica. O software Trader Gráfico faz isso para você. Veja a tela de configuração da Auto Análise.

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E daqueles dois triângulos engatados com áreas densas interpretadas, nós tivemos mais dois triângulos engatados que trouxeram o IBOV até os preços de hoje. Ou seja, acabei de conectar vocês à 14 dias de pregão entre Agosto e Setembro de 2011 que culminaram com a alta iniciada em Janeiro de 2012 e com o ganho, até aqui, de 8,8% nesta operação. Devo lembrar a todos que criei o ponto de compra de 59.930 em 14/11/2011, quase dois meses antes da alta atual, veja o relatório aqui.

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Parte 5: A região intra-projeção

Para finalizar (por enquanto) a sinfonia da "Teoria da Triangulação Geral em Ações" vou demonstrar um pouco da força que existe na região intra-projeção, normalmente ignorada por todos. Segue gráfico.

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Acima um gráfico de OGXP3 semanal. Sinalizei a venda inicial, sua confirmação, o momento em que bateu na projeção da baixa em R$ 9,16 e os retornos. No começo da volta podemos ver o preço acelerando dentro da área densa verde em torno de R$ 11.

Após deixar a primeira área densa para trás, os preços entram na primeira região intra-projeção, que é o espaço entre as áreas densas verde e vermelha. Como esperado, ao chegar na borda da área densa vermelha os preços recuaram e interromperam a alta. Notem que a área densa precisou acabar antes da alta ser retomada.

Retomada a alta, vimos os preços passarem facilmente pela segunda área densa verde, em uma região ainda "estreita" desta área. Porem, esta passagem jogou os preços dentro de uma nova região intra-projeção (marcada em azul na imagem acima). Essa região é comprida e a área densa vermelha acima dos preços está ficando cada vez mais larga, o que me incentivou a trocar a OGXP3 na carteira recomendada (com lucro de +20,4%) pela VALE5 (segue imagem abaixo).

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Agora vocês devem estar pensando: "Mas a VALE5 semanal também está dentro de uma reigão intra-projeção"!

Sim, é verdade, mas é bem mais que isso. Notem que ela já entrou na área densa vermelha grande e que o nosso sinal de compra (R$ 42,20) ocorreu quando tivemos um rompimento de um segundo triângulo de alta, ainda dentro da área intra-projeção anterior. Como explicado acima, um triângulo engata no outro e "prevê" os seus movimentos. Força demonstrada em VALE5 e faltante em OGXP3, o que sugere que a VALE5 deve subir antes da OGXP3 e, por isso, deveríamos trocá-las na nossa carteira recomendada. Por enquanto funcionou.



Será que esta teoria já está completa? Abraço a todos e até a próxima.

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Os triângulos da Auto Análise estão disponíveis para todos os clientes do Trader Gráfico 5.0. Se ainda não é cliente, solicite o seu teste gratuito de 7 dias.

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