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Teoria de Dow

Ano 2, No 9

Carlos Martins: Profissional de Investimento Certificado APIMEC CNPI, autor do livro "Os Supersinais da Análise Técnica" (Ed. CampusElsevier, 2010) e sóciofundador do Trader Gráfico.



Esta semana vamos abordar mais um tema técnico, na verdade o precursor de toda a Análise Técnica moderna, a Teoria de Dow.

A Teoria de Dow, que leva o nome de seu idealizador, Charles Henry Dow, analisa os preços históricos de um índice ou ação e define três fases para uma tendência.

A teoria inicialmente era baseada nos índices Dow Jones Industrial e Dow Jones Transportation (no início do Século XX), mas hoje em dia é aplicada a qualquer índice ou ação e é conhecida por ter mostrado ao mundo, e ser até hoje, a base da Análise Gráfica.

A Teoria de Dow segue algumas regras:
  1. Os preços descontam as notícias e eventos que podem influenciá-los, sendo assim, quando uma notícia ou evento for divulgado o seu resultado já havia sido previsto por parte dos investidores e precificado no valor das ações. Quando algo maior ocorre, como o atentado às torres gêmeas nos EUA, a tendência de curto prazo pode ser afetada, mas nunca a de longo prazo.
  2. As tendências sempre ocorrem em três fases, uma de longo prazo, ou primária, uma de médio prazo, ou intermediária e uma de curto prazo, ou diária. Identificando estas tendências um investidor pode decidir quando é hora de entrar no mercado ou sair dele.
  3. A tendência atual vale até ser revertida, ou seja, o mercado está sempre em tendência de alta ou de baixa.
  4. A tendência deve ser confirmada por dois índices. Quando se analisa ações, a tendência deve ser confirmada utilizando as ações ON e PN de uma mesma empresa ou as ações das duas maiores empresas do setor.
  5. Os volumes são importantes, assim em uma tendência de alta esperam-se volumes mais altos quando o preço acompanha a tendência e sobe e mais baixos quando o preço corrige e cai. O contrário é esperado nas tendências de baixa.
  6. Uma tendência só acaba quando ocorre o sinal definitivo de sua reversão.
Aplicando as regras na prática:
  1. Partindo do princípio 1, que os preços descontam outros eventos, é possível operar apenas olhando para os gráficos.
  2. As fases na tendência de alta ou baixa são distintas.

    • Fases do Mercado de Alta:
      1. Esta fase é marcada pelo final de uma tendência anterior de baixa, por isso é chamada de Acumulação, ou seja, quando alguns investidores não deixam o preço cair para novas mínimas e o mantém em um certo patamar efetuando compras constantes.
      2. Ao perceber que os preços pararam de cair, uma nova leva de investidores identifica uma reversão de tendência e começa a comprar, o que faz com que os preços comecem a subir e gerar novas máximas, esta fase é a Alta Sensível.
      3. Motivados pela alta que ocorrera até então, o resto dos investidores começa a comprar acreditando que o preço da ação continuará a subir indefinidamente. Este movimento leva o nome de Euforia, nele os novos investidores compram aquilo que os mais experientes da Fase 1 e 2 já estão vendendo.


    • Fases no Mercado de Baixa:
      1. Esta fase é marcada pelo final de uma tendência anterior de alta, e é chamada de Distribuição, ou seja, quando alguns investidores não deixam o preço subir para novas máximas e o mantém em um certo patamar efetuando vendas constantes e realizando os lucros da tendência anterior.
      2. Ao perceber que os preços pararam de subir, os investidores seguidores de tendência identificam a reversão na tendência e começam a vender, derrubando as cotações e gerando novas mínimas, esta fase é a Baixa Sensível.
      3. Depois de uma queda no preço suficiente para assustar os últimos otimistas (normalmente os mesmos que entraram na Fase 3 da tendência de alta), o resto dos investidores começa a vender com o intuito de minimizar o prejuízo e encerrar suas posições. Este movimento é conhecido como Desespero, nele os investidores que venderam na Fase 1 desta tendência, normalmente recompram suas posições por um preço bem mais baixo, embolsando a diferença de preço.


  3. A tendência futura não pode ser adivinhada, deve-se esperar os sinais de que ela mudou, por isso, enquanto não há certeza de mudança ainda estamos na tendência atual seja ela de alta ou de baixa.
  4. Para confirmar a tendência, sempre avalie dois índices ou duas ações. Se forem ações utilize a ON e PN da mesma empresa ou as ações das maiores empresas de um setor.
  5. Para facilitar a percepção das fases acima, basta seguir a regra dos volumes. Normalmente, quando a tendência é de alta o volume é maior nos dias em que o preço sobe e menor nos dias em que o preço corrige e cai. Isto inverte na tendência de baixa, quando o volume é maior nos dias de queda e menor nos dias em que o preço corrige e sobe.
  6. A tendência pode ter inúmeros sinais de médio-prazo, por isso, não tente adivinhar o que vai ocorrer, espere que o sinal de reversão seja claro para operar. Esta espera normalmente faz com que os primeiros 20 a 25% da próxima tendência sejam perdidos, mas evita que entradas e saídas erradas ocorram, erros estes que podem ir consumindo o seu patrimônio lentamente.
Na imagem abaixo podemos ver um exemplo da Teoria de Dow em um gráfico mensal. A reta verde indica a tendência primária, neste caso uma tendência de alta, estas tendências duram normalmente alguns anos, no caso abaixo cinco anos e meio.

É possível notar que os preços não sobem direto fazendo novas máximas, há períodos em que ocorrem correções e os preços caem, estes períodos são chamados de tendência secundária ou intermediária, e duram entre um e três meses, sempre vão no sentido contrário da tendência principal.

A tendência mais fraca é a diária, que não pode ser observada neste gráfico, ela dura desde alguns dias até duas ou três semanas, dificilmente completa um mês.

Também é possível acompanhar no gráfico abaixo as três fases da Teoria de Dow, a Acumulação, a Alta Sensível e a Euforia, que neste caso ainda não terminou. Observe que o volume confirma a tendência de alta, sendo mais alto à medida em que os preços sobem e sendo mais baixo nos últimos três meses, que pertencem a uma tendência secundária de baixa.

Outra definição pode ser aplicada a este gráfico, ainda não há sinal claro de reversão, então embora pareça que a tendência de alta esteja exausta, este índice ainda está em tendência de alta.

Vale notar que a última correção observada no gráfico dura exatamente três meses até o mês de Jan/2008, o que significa que ela pode retomar a subida e manter a tendência, que foi exatamente o que ocorreu em Set/2006.

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