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Fazendo o seu "pé-de-meia" em ações

Ano 4, No 80

Carlos Martins: Profissional de Investimento Certificado APIMEC CNPI, autor do livro "Os Supersinais da Análise Técnica" (Ed. CampusElsevier, 2010) e sóciofundador do Trader Gráfico.



Costumo comparar o investimento em ações da bolsa com o surf. Se uma pessoa deseja aprender a surfar, é porque ela quer entrar em ondas grandes e sentir a emoção que vê nos programas de esporte da TV. Mas ela sabe que antes de chegar neste ponto de "emoção", terá que aprender a surfar. Se não houvesse uma praia com ondas bem baixinhas e calmas, a maioria esmagadora dos surfistas não teria começado, pois entrar em um mar revoltado sem experiência nenhuma é quase um suicídio.

Este exemplo é bem simples, mas todos concordam que é assim que funciona, primeiro aprendemos em ambientes mais lentos e seguros e, com o tempo, vamos migrando para ambientes mais rápidos, sofisticados e arriscados, onde estão os maiores prêmios. Na bolsa não é diferente, há uma diversidade de ações que são lentas, com pouco risco e rentáveis, onde o investidor iniciante pode fazer suas operações de forma mais segura e aprender muito sobre o mercado.

Via de regra, todos queremos extrair do mercado de ações lucros polpudos provenientes de operações vencedoras, onde compramos uma ação por um preço baixo e, algum tempo depois, a vendemos por um preço bem maior. Isto é muito bom, mas muita gente que quer começar investir tem medo de fazê-lo pelo simples fato de que em vez de ganhar, pode perder. Este risco faz parte do investimento em renda variável, mas como tudo na vida, pode ser controlado. Não podemos zerar todo o risco, mas podemos escolher operações em que o risco é bem pequeno e aceitável. Estamos falando de ações que pagam ótimos percentuais de dividendos ao seu acionista e para tornar-se um acionista, basta comprá-la no pregão usando o seu home-broker.

É comum que as empresas listadas na bolsa paguem dividendos (proventos pagos ao acionista provenientes dos lucros da empresa), porém a maior parte delas paga um percentual pequeno do valor das suas ações como dividendo, normalmente menos de 5% ao ano (até aplicações conservadoras como a poupança pagam mais). Porém, há algumas empresas que pagam um percentual muito bom de dividendos, chegando a 10%, 12%, 15% ou mais ao ano de seu valor de mercado. As ações destas empresas são negociadas na bolsa como qualquer outra, porém como são muito rentáveis (ganhando de aplicações de renda fixa, em muitos casos) não sofrem grandes alterações de preço no pregão, tendo, desta forma, um risco muito mais baixo e a garantia de uma aplicação mais segura.

A explicação para isto é simples, pessoas que compram ações pagadoras de bons dividendos normalmente as seguram em sua carteira, esperando pelos rendimentos. Isto faz com que o número de negócios delas no pregão seja menor que o habitual, diminuindo a oscilação de preços. Mas como quem tem essas ações na mão não quer vender, muita gente que não as têm deseja comprar, fazendo com que ofertas de compra sejam abundantes e, assim, criando um mercado líquido para os que estão segurando as ações poderem vendê-las no mercado a qualquer momento se assim necessitarem, e muita gente faz isso todos os dias.

Este efeito faz com que o preço das ações ganhe valor no tempo quando a taxa de juros Selic fica estável. Se a Selic começa a cair estas ações ganham valor real, além de continuar pagando dividendos. Se a Selic subir o valor destas ações começa a cair lentamente, pela concorrência dos fundos de renda fixa, mas elas continuam pagando seus dividendos.

Este comportamento duradouro de pagamento de dividendos aos acionistas, sem que este precise dar nada em troca, faz com que estas ações sejam ótimas opções para o chamado "pé-de-meia", ou seja, as economias que você faz hoje e que lhe servirão como fonte de renda pelo resto de sua vida. Na mira do investidor estão, dentre outras, as ações de empresas de energia elétrica, que pelo próprio modelo de negócio são estáveis e atraem acionistas com uma política consistente de pagamento de dividendos.

E aqui vai uma dica muito importante na criação de sua carteira "pé-de-meia". Os dividendos pagos pelas suas ações podem ser usados para comprar mais ações no mercado. Desta forma, você pode começar de uma forma conservadora e, conforme sua carteira aumenta, pode usar seus rendimentos para comprar outros tipos de ações mais arriscadas e começar a ganhar dinheiro também na especulação diária, que por ser mais arriscado, também pode ser muito mais lucrativo.

Aprendendo como a bolsa funciona, investidores conscientes e que sabem lidar com o mercado, além de conseguirem sobreviver na bolsa por um longo período, normalmente ficam ricos.



 

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