←VoltarAlternativas para rentabilizar carteiras
Ano 3, No 66
Carlos Martins: Profissional de Investimento Certificado APIMEC CNPI, autor do livro "Os Supersinais da Análise Técnica" (Ed. CampusElsevier, 2010) e sóciofundador do Trader Gráfico.
Após a crise do sistema financeiro mundial, que se aprofundou em Outubro de 2008, muitas pessoas que recorriam a derivativos para rentabilizar suas carteiras de ações começaram a pensar em outras formas de fazer isto.
Financiamento com opções, proteção de carteira com mini-contratos de Ibovespa futuro, vendas a descoberto e trades de curta duração são satisfatórios em mercados em baixa de curta duração. Porém, possuem muitos custos que podem não valer a pena quando o mercado fica em baixa por muito tempo, obrigando os investidores a rolarem posições ou as encerrarem com prejuízos danosos às suas carteiras, em vez dos lucros esperados.
Neste momento em que todos colocamos os pés no chão, uma forma de operar muito usada quando os derivativos e os "produtos" financeiros não eram abundantes chama a nossa atenção. O chamado "giro de carteira", ou a negociação simples de ações com compras e vendas sequenciais dos mesmos papéis visando aproveitar as oscilações de mercado, tem rentabilizado e protegido muitas carteiras de profissionais e investidores pessoais.
A regra de negociação é simples, monta-se uma carteira de ações seguindo os critérios designados pelo investidor, vamos pegar, por exemplo, uma carteira de pagamento de dividendos. Os papéis que compõe esta carteira devem ter por característica serem bons pagadores de dividendos, mas mantendo uma boa liquidez de mercado, podendo ser negociados a qualquer momento.
O investidor que monta uma carteira deste tipo é chamado de conservador, pois teoricamente não precisa especular com suas ações, apenas as segura e recebe os dividendos pagos periodicamente. Ocorre que uma baixa muito forte no mercado pode não afetar diretamente o volume dos dividendos recebidos, mas afeta o patrimônio contábil do investidor, uma vez que a carteira poderá ser desvalorizada significativamente durante o período de baixa.
Nesta hora podemos aliar a análise técnica a uma gestão eficiente e inteligente do seu patrimônio. Os papéis que pagam dividendos, o fazem em datas específicas (alguns dias do ano), fora destas datas o investidor pode vender suas ações no mercado normalmente e em seguida recomprá-las (desejando um preço menor) sem perder o direito aos dividendos.
Este tipo de operação consiste em aplicar uma estratégia de negociação de mercados de baixa, chamada de venda a descoberto, na sua carteira, o que transforma a venda em uma venda coberta, eliminando o risco e os custos extraordinários envolvidos em operações que envolvem garantias além dos ativos objetos do trade.
Pense da seguinte forma, se você não possuísse as ações em carteira, ao identificar um mercado de baixa teria a possibilidade de vender ações a descoberto para especular neste período. Como você, em nosso exemplo, possui ações em uma carteira, pode vender as ações que não estiverem em época de pagamento de dividendos, recomprando-as pouco tempo depois no mercado por um valor mais baixo e embolsando a diferença em dinheiro. Para esta operação paga-se os custos baixos de operações de home-broker e sem a necessidade de envolver você e a sua instituição financeira em uma operação de risco mais elevado.
Não podemos esquecer que, embora os riscos sejam menores em uma operação simples como esta, eles não são nulos. O investidor deve fazer uma análise do mercado e da ação que deseja operar antes de fazê-lo, sabendo que há o risco de que a ação suba em vez de cair, acarretando prejuízo na recompra. Mas uma vez identificada uma oportunidade de venda, este método permite que o investidor seja conservador e especulador ao mesmo tempo, recebendo os dividendos de suas ações (para o exemplo citado nesta newsletter) e também ganhando com a especulação de curto prazo nos mercados de baixa ou em correções dos mercados de alta.
Esta estratégia não é exclusividade de carteiras como a citada neste exemplo, podendo ser aplicada em qualquer carteira que tenha ativos com liquidez, ou seja, que possam ser negociados no mercado a qualquer momento.