Uma dúvida muito comum entre investidores iniciantes e também experientes é sobre as correções de preço que uma ação pode sofrer na Bolsa. Nesta newsletter vamos explicar em detalhes como este processo ocorre e quando ele ocorre para
que este evento seja útil quando ocorrer e não uma surpresa.
Muito investidores gostam de ações que pagam bons dividendos, muitas empresas definem pagamentos regulares de
Juros sobre Capital Próprio (JCP) e/ou
Dividendos para entrar na mira destes investidores.
Isto é um fato, para mais informações acesse a newsletter sobre
Dividend Yield.
Porém, quando a empresa paga efetivamente o JCP ou Dividendo, o último preço de fechamento de suas ações é ajustado para baixo, descontando o valor pago. O novo preço de fechamento teórico é chamado de preço
EX.
Há vários eventos que podem gerar correções teóricas de preços históricos, ou preços EX. As mais comuns são:
- Bonificação: Ocorre sempre que uma empresa distribui ações aos acionistas para ajustar diferenças de patrimônio líquido. Como o valor de mercado da empresa não muda, mas o número de ações em circulação sim, o preço da ação deve ser ajustado teoricamente.
- Dividendo ou Juros sobre Capital Próprio: Embora sejam dois eventos diferentes, o efeito prático no preço das ações é o mesmo. Se uma ação fechar em uma sexta-feira cotada a R$ 100 / ação e pagar um Dividendo ou JCP de R$ 1 / ação ao acionista,
na segunda-feira o preço teórico do último fechamento será de R$ 99 / ação (100 - 1).
- Subscrição: Se a empresa faz uma chamada de capital aos acionistas, ou seja, distribui novas ações no mercado e aumenta o seu patrimônio líquido, o preço destas novas ações deve sempre ser menor do que o preço de mercado. Isto faz com que um ajuste teórico
seja necessário para equalizar os preços de todas ações (novas e antigas) em uma mesma cotação.
- Grupamento: Muitas vezes o preço de uma ação fica muito baixo, na casa de centavos, e dificulta análises e operações de maior volume. Neste caso, a empresa normalmente agrupa várias ações antigas e troca por apenas 1 ação nova. Assim, um investidor que
possuía 1.000 ações desta empresa, após um grupamento de 500 para 1 por exemplo, terá apenas 2 ações, ou 1.000 / 500. Só que o valor financeiro que ele possuía não pode mudar, então o que muda é a cotação da ação, que neste caso vai subir bastante.
- Desdobramento: é o inverso do Grupamento. Ações de empresas sólidas que se valorizam muito na bolsa acabam ficando caras demais, a ponto de perder compradores simplesmente porque eles não têm dinheiro para comprar um lote mínimo de 100 ações. Quando isto
ocorre, as empresas podem desdobrar 1 ação em várias, mas normalmente em 2 ações. Assim, um desdobramento de 1 para 2 faz com que o preço da ação caia pela metade, uma vez que dobra o número de ações em posse dos acionistas.
Vamos agora analisar um exemplo real. A ação preferencial de Petrobras - PETR4 - fechou cotada em 25/04/2008 a R$ 84,30 / ação. Com isto o lote padrão de 100 ações de PETR4 custava R$ 8.430, caro demais para vários investidores pequenos. A empresa definiu em comunicado ao mercado
que iria dobrar o número de ações em circulação por meio de um
Desdobramento a partir de 25/04/2008. Sendo assim, quem tinha 1 ação passou a ter 2.
Um investidor desavisado poderia achar que a sua posição acionária tinha dobrado, mas longe disso, a posição acionária de todos os acionistas ficou igual. O patrimônio líquido da empresa também continuou igual, então o que mudou? Resposta:
A Cotação.
Uma pessoa que tinha comprado 100 ações de PETR4 no fechamento de 25/04/2008 por R$ 8.400, acordou em 28/04/2008 com 200 ações, mas continuou com os mesmos R$ 8.400 em custódia. Para isto ser possível a Bovespa aplicou um cálculo a última cotação de fechamento de R$ 84,30 e modificou-a
para R$ 42,15, ou 84,30 / 2. O primeiro negócio do dia 28/04/2008 saiu pela cotação de R$ 42,58 / ação, ou uma alta de 1% sobre o fechamento teórico anterior de R$ 42,15 / ação.
Pelo exemplo acima conseguimos ver que o desdobramento foi positivo para as ações da Petrobras, pois realmente atraiu mais investidores e fez com que isto criasse valor as acionistas. Mas...
... e o gráfico?
É importantíssimo que o investidor que usa a Análise Gráfica fique atento aos preços EX, pois sempre que uma cotação é ajustada teoricamente, não é apenas o último fechamento que é afetado, mas sim todo o histórico da ação.
Vejamos o gráfico do exemplo acima de PETR4
SEM a correção de preço:
E agora o
mesmo gráfico de PETR4
COM a correção de preço:
É muito fácil perceber que o gráfico de cima
sem a correção de preço
É INVÁLIDO para a Análise Gráfica. Com uma distorção tão grande assim é fácil perceber isto, mas imagine uma situação em que o preço altere apenas alguns centavos, como após o pagamento de um dividendo
ou após uma subscrição, o gráfico fica inválido para a análise gráfica da mesma forma, mas
como você vai perceber?
Nestas horas ajuda muito ter uma ferramenta gráfica que faça as correções de preço automaticamente para você, ou a sua única forma será acompanhar no site da Bovespa ou da empresa que você analisa todos os fatos relevantes e comunicados emitidos ao mercado, pois somente neles esta informação será
mencionada.
Lembrando que muitos indicadores, como o
MACD, dependem do preço para serem calculados, então um gráfico de preço errado vai levar a um gráfico de indicador errado.
Óbvio que isto fará com que a tomada de decisão sobre compra ou venda sairá errada.
Até a próxima semana!