←VoltarMercado a Termo
Ano 2, No 34
Carlos Martins: Profissional de Investimento Certificado APIMEC CNPI, autor do livro "Os Supersinais da Análise Técnica" (Ed. CampusElsevier, 2010) e sóciofundador do Trader Gráfico.
Vamos falar nesta semana sobre um dos mercados da Bovespa, o Mercado à Termo.
O mercado a Termo pode ser comparado com uma compra a prazo. Quando alguém vai comprar um carro, mas não tem dinheiro (ou tem, mas não quer gastá-lo) pode fazer uma compra a prazo, onde é dada uma entrada e depois o resto é pago com adição de juros.
No mercado de ações é possível fazer a mesma coisa. Um investidor pode querer comprar uma ação hoje, pois ele acha que ela vai valorizar ou porque ele precisa da ação por algum motivo, só que ele não tem dinheiro para fazer o negócio. Desta forma ele entra em contato com a sua corretora e pede para fazer uma compra a Termo (a prazo) da ação pelo prazo de X dias.
A corretora então encontra alguém que esteja vendendo a ação na quantidade desejada a Termo e se informa qual os juros que estão sendo pedidos na operação. é importante entendermos que em uma compra a Termo, o vendedor se interessa pelos juros, ele passa o valor que deseja ao comprador por meio de uma corretora e se o comprador aceitar a proposta, ele vai pagar ao vendedor o preço das ações à vista mais os juros pedidos.
Em uma operação simples, quando o negócio é fechado o vendedor deposita a quantidade de ações do Termo e em contra-partida o comprador deposita apenas uma margem inicial, o que nós chamamos de entrada no exemplo do carro. O valor desta entrada é calculado pelo sistema de Conta Margem que a corretora possui e pode ser pago de várias formas, como dinheiro, carta fiança bancária, títulos públicos federais, certificado de ouro ou qualquer outro ativo que a Bovespa aceite na data da transação.
Esta compra é representada por um contrato, onde o pagamento do restante da operação mais os juros é feita no final do prazo do Termo. O contrato também poderá ser liquidado antes da data final de acordo com a vontade do comprador, apenas o comprador pode antecipar o vencimento. Ele pode esperar até o vencimento e pagar o que deve, pode antecipar o pagamento ou pode ainda vender a sua posição no mercado e liquidar o contrato por diferença, onde ele recebe apenas o lucro da operação (se houver lucro). A liquidação por diferença é útil no caso da ação estar dando lucro em determinada data antes do fim do contrato e o comprador decidir aproveitar o momento para já embolsar a sua parte deste lucro. Porém, as antecipações não fazem com que os juros diminuam, se o comprador quiser antecipar ele pode, mas deve pagar os juros do período todo.
Os custos desta transação são parecidos com o de uma operação normal, com taxa de corretagem, taxa de emolumentos (da bolsa) e mais uma taxa para esta operação chamada de taxa de registro. O investidor deve consultar os valores das taxas de acordo com a operação que deseja fazer diretamente com a corretora.
Muitos investidores utilizam a compra a Termo para alavancar sua posição, pois como inicialmente só é necessário fazer o depósito da margem de garantia (que varia ao redor de 20 a 30% - mas pode ser mais do que isso), o investidor pode comprar uma quantidade maior do que seria possível no mercado à vista. A vantagem disso é que o lucro, quando ocorre, se multiplica. Por outro lado, quando ocorre o prejuízo o investidor deve pagar a diferença, que algumas vezes pode ser maior do que a garantia depositada.
Na prática as corretoras em primeiro lugar e a bolsa depois são as responsáveis pelo prejuízo daqueles que não têm dinheiro para liquidar o Termo, o que torna a operação segura para o vendedor.
A conclusão é simples, se o mercado subir, o comprador ganha o lucro e o vendedor ganha os juros, ou seja, as duas partes atingem o objetivo. Se o mercado cair, o comprador paga o prejuízo, mas o vendedor continua ganhando os juros. Sendo assim, o risco está com o comprador, o que muitas vezes vale a pena porque o potencial de ganho que ele tem é bem superior ao do vendedor, mas se esta operação for feita como alavancagem, e não como compra a prazo, este risco deve ser muito bem avaliado, pois pode significar um prejuízo grande.