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Grau de Investimento

Ano 2, No 21

Carlos Martins: Profissional de Investimento Certificado APIMEC CNPI, autor do livro "Os Supersinais da Análise Técnica" (Ed. CampusElsevier, 2010) e sóciofundador do Trader Gráfico.



O dia 30/04/2008 entrou para a História do Brasil. Pouco antes das 16h nós, brasileiros, ficamos sabendo que pela primeira vez o nosso país fora agraciado com um rating Grau de Investimento ou Investment Grade. Mas você sabe o que isto significa?

O que é Grau de Investimento?

A grosso modo, os países são avaliados por agências de classificação de risco quanto à sua perspectiva de pagar as dívidas. Esta avaliação, também chamada de rating soberano, mede o grau de risco de um país dar o "calote" em sua dívida, prejudicando investidores nacionais e principalmente estrangeiros.

Obviamente, quanto mais alta a classificação melhor. De forma arbitrária foi definido um patamar para esta classificação a partir do qual o risco é baixo o bastante para que um investimento de longo prazo seja seguro, esta classificação de corte é chamada de Grau de Investimento.

As classificações que interessam para o Grau de Investimento vão desde BBB até AAA (a mais alta).

Chegar ao patamar de Grau de Investimento nada mais é do que ter uma classificação de risco igual ou superior a esta "nota de corte". Uma vez dentro do Grau de Investimento o país pode continuar subindo de nível. Quanto mais alto o rating de um país, maior o interesse dos investidores internacionais em aportar capitais de longo prazo nele.

Qual a classificação atual do Brasil?

As três de agências de classificação de risco mais importantes são a Fitch Ratings, a Moody's e a Standard & Poor's. Esta última, a Standard & Poor's, foi a que aumentou o rating do Brasil para Grau de Investimento, para as outras agências o Brasil ainda não chegou a este patamar, embora esteja muito perto.

O rating do Brasil em moeda estrangeira em longo prazo foi elevado pela Standard & Poor's de BB+ para BBB-, a primeira classificação considerada Grau de Investimento. Veja na lista abaixo como a Standard & Poor's classifica os países:

Classificação Nº de Países           Exemplos Grau de Investimento
AAA 19 EUA, Espanha, Canadá ... Sim
AA+ 2 Bélgica, Nova Zelândia Sim
AA 6 Abu Dhabi, Hong Kong, Japão ... Sim
AA- 5 Arábia Saudita, Portugal, Taiwan ... Sim
A+ 3 Chile, Chipre, Itália Sim
A 13 China, Grécia, Israel ... Sim
A- 5 Lituânia, Malásia, Polônia ... Sim
BBB+ 8 África do Sul, México, Rússia ... Sim
BBB 2 Croácia, Tunísia Sim
BBB- 5 BRASIL, Índia, Romênia ... Sim
BB+ 8 Colômbia, Egito, Peru ... Não
BB 5 Costa Rica, Guatemala, Vietnã ... Não
BB- 9 Indonéisa, Turquia, Venezuela ... Não
B+ 13 Argentina, Suriname, Uruguai ... Não
B 11 Jamaica, Madagascar, Paraguai ... Não
B- 3 Bolívia, Equador, Granada Não
CCC+ 1 Líbano Não
Total 118    

Fonte: Lista de classificações da Agência S&P - 30/04/2008

A esta altura você deve estar se perguntando: O que a classificação de risco do Governo Brasileiro pagar as suas dívidas tem a ver com as Empresas Brasileiras?

E a resposta é: TUDO.

Muitos grandes fundos internacionais só são autorizados a investir em mercados com o selo de Grau de Investimento. Isto quer dizer que, com a mudança do rating do Brasil, recursos estrangeiros vão ingressar aqui como nunca, não somente nos títulos do Governo Brasileiro que foram alvo do rating, mas também no mercado de ações e nos investimentos de longo prazo.

O que muda a partir de agora?

É importante notar que grandes empresas brasileiras que já tinham acesso à linhas de financiamento internacionais não devem ser o foco principal dos investidores estrangeiros (embora também sejam alvo dos investimentos).

As empresas brasileiras que dependem exclusivamente do mercado interno, tanto para vender seus produtos como para se financiar, serão as grandes beneficiadas com este novo patamar. Por isso, são as que têm o melhor potencial de valorização na Bovespa, pois deverão ser as mais procuradas pelos investidores estrangeiros a partir de agora.

O nível alcançado pelo Brasil de Grau de Investimento recebeu a classificação de estável, ou seja, com tendência de manutenção pelos próximos dois anos. Esperamos, agora, que as outras agências de classificação de risco também elevem o Brasil ao patamar de Grau de Investimento para que o nosso país possa viver um ciclo virtuoso de entrada de capitais de longo prazo (não-especulativo) como nunca se viu.

 
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